terça-feira, setembro 19, 2006

Aceitem os fatos: perdemos a guerra!


Setembro é o mês da revolta contra os feriados. Anteriormente escrevi sobre a fantasia que é o 7 de Setembro. Agora chega o mais fantasioso ainda 20 de Setembro. Alguns que desconhecem esse Brasil pensam que é exclusividade dos gaúchos isso, mas não é! São Paulo também comemora a guerra que perdeu. O feriado de 9 de julho é em comemoração à revolução de 32. Que eles perderam. E a nossa como foi? Parece irônico que comomoramos e andamos uma semana a fio fantasiados de século XVIII. Com trajes típicos da Turquia! (a bombacha veio como sobra de guerra para o RS) Mas de repente não será isso o motivo da comemoração. Será que é porque chamamos de farroupilha? Farroupilha, vem de farrapos, que imediatamente se associa aos pobres. Será que foi mesmo uma revolução popular? Pouca sorte. Acho que esse definitivamente não é um fenômeno nacional, como a fome, a miséria... Então chega 20 de setembro, vestimos roupas estrangeiras, andamos como se estivéssemos no séc. XVIII, e comemoramos uma revolta elitista que ainda por cima perdemos. Uma revolta provocada por picuinhas econômicas e mania de perseguição. Mania que persiste até hoje. Qual é o gaúcho que não acha que é diferente do resto do país? quem não acha que os narradores de futebol odeiam os jogadores gaúchos? O gaúcho tem a mania de ser diferente. E a arrogância de achar que é melhor. Todo gaúcho acha que nascemos para governar o país. E isso remonta lá pra esse feriado que nos chega. A situação chega ao cúmulo de milhares de pessoas, na contramão da globalização, falarem em separatismo! A Europa buscando uma união das várias culturas e nações existentes a fim de se fortalecer e algumas pessoas ainda acham que separar o estado do resto do Brasil iria adiantar alguma coisa. No ritmo que vai, e com os argumentos que existem, vão querer certamente se separar da metade sul depois, considerando as diferenças econômicas. O que vai gerar uma situação curiosa. "Gaúchos" de terno e bombacha, em regiões tipicamente de colonização alemã e italiana. Nada contra o gauchismo, mas tenho a impressão que não passa de uma ficção. Pelo menos na serra gaucha e no vale do sinos. Regiões que deveriam valorizar muito mais a sua história ao invés de importar a história da região campeira. São regiões que foram colonizadas por pessoas que passaram extrema dificuldade, tiveram arduo trabalho, sem escravos, e por isso que hoje são o que são. É uma incongruência se vestir de fazendeiro no 20 de setembro, pois aquela história não tem nada a ver com essa. É uma história feita de ricos fazendeiros que ganharam terras e mais terras sem precisar fazer nada, apenas comandando os seus escravos. Não poderia ser diferente. Já dizia Joaquim Nabucco, aonde há escravidão, não há valor no trabalho, trabalho é coisa de escravo. Talvez isso explique um pouco das diferenças desse Rio Grande que tanto aprecio. Só acho que é um absurdo inventar uma unidade para regiões com contextos históricos tão distintos. Não uso bombacha e nem vou usar. Mas se me chamar pra comer uma polenta com passarinho, ou uma massa, pode ter certeza que vou. Prefiro a minha história do que a dos outros.

5 comentários:

Anônimo disse...

Amigo Grison,
Resolvi registrar minha admiração pela tua reflexão concisa e coerente sobre a tradição gaudéria. Acho que certas tradições têm um valor inestimavel sobre as bases da sociedade, mas preciso concordar ctg nessa "falha" historica!! tb resolvi comentar mesmo, pra adicionar ao tema um aspecto da cultura gauderia q ao meu ver é repugnante - o tratamento bruto que se observa para com os cavalos. É serio, não ri!! bom, não querendo generalizar, mas o estereotipo gaucho de "machão" e "grosseiro" se realiza nessas atitudes. Os métodos de adestramento desses animais que foram peças-chave na tal revolução e no desenvolvimento de qualquer estrutura social, baseiam-se na força e não na "educação"; ops! soou familiar isso ...ehehehe!! O famoso "quebra-queixo" para tornar o animal sensivel ao comando de rédeas, é uma pratica essencialmente gaucha; bom, a propria utilização de espóras já exemplifica bem essa relação.
Então era isso !! cavalos são legais!!
Bjos

Marcio disse...

Poisé...

Creio que o problema de ser feriado não é o principal, nem o fato de termos perdido a guerra que comemoramos. O principal, que você também refere, é que não foi um movimento popular - como foram outras revoltas em outros estados - mas um movimento dos estancieiros, algo muito diferente da beleza e do heroísmo que cultivamos.
E o episódio dos lanceiros negros, haverá maior traição na história do Brasil que essa? Promete-se liberdade aos escravos que lutarem e ao final, com medo do poder que os escravos libertos poderiam ter, faz-se um massacre?
São reflexões que deveriam fazer.
Por outro lado, a manutenção de identidade, o culto a tradições, não me parece de todo um mal.

Blog do GRiSoN (Leonardo Grison) disse...

E aí pessoal, to mto feliz com os comentários, era essa a idéia mesmo. Ta valendo até a idéia da minha amiga aí que gosta de cavalos ehhehe.
O que eu quero é que as pessoas não saiam por aí vestindo bombacha como se nada fosse... E quanto ao episódio que o Marcio citou... realmente, nada mais revoltoso que esse episódio, tb conhecido como "revolta dos porongos", ou alguma coisa parecida com isso ehhehe.
O que mostra que o que era pra ser uma revolução popular, de nada tinha...
Abraços!

Anônimo disse...

http://www.youtube.com/watch?v=vNyVrexNzJQ

Anônimo disse...

a bombacha da turquia, a polenta da itália. e aí, por que tua polenta é melhor que minha bombacha?

;)