
Setembro é o mês da revolta contra os feriados. Anteriormente escrevi sobre a fantasia que é o 7 de Setembro. Agora chega o mais fantasioso ainda 20 de Setembro. Alguns que desconhecem esse Brasil pensam que é exclusividade dos gaúchos isso, mas não é! São Paulo também comemora a guerra que perdeu. O feriado de 9 de julho é em comemoração à revolução de 32. Que eles perderam. E a nossa como foi? Parece irônico que comomoramos e andamos uma semana a fio fantasiados de século XVIII. Com trajes típicos da Turquia! (a bombacha veio como sobra de guerra para o RS) Mas de repente não será isso o motivo da comemoração. Será que é porque chamamos de farroupilha? Farroupilha, vem de farrapos, que imediatamente se associa aos pobres. Será que foi mesmo uma revolução popular? Pouca sorte. Acho que esse definitivamente não é um fenômeno nacional, como a fome, a miséria... Então chega 20 de setembro, vestimos roupas estrangeiras, andamos como se estivéssemos no séc. XVIII, e comemoramos uma revolta elitista que ainda por cima perdemos. Uma revolta provocada por picuinhas econômicas e mania de perseguição. Mania que persiste até hoje. Qual é o gaúcho que não acha que é diferente do resto do país? quem não acha que os narradores de futebol odeiam os jogadores gaúchos? O gaúcho tem a mania de ser diferente. E a arrogância de achar que é melhor. Todo gaúcho acha que nascemos para governar o país. E isso remonta lá pra esse feriado que nos chega. A situação chega ao cúmulo de milhares de pessoas, na contramão da globalização, falarem em separatismo! A Europa buscando uma união das várias culturas e nações existentes a fim de se fortalecer e algumas pessoas ainda acham que separar o estado do resto do Brasil iria adiantar alguma coisa. No ritmo que vai, e com os argumentos que existem, vão querer certamente se separar da metade sul depois, considerando as diferenças econômicas. O que vai gerar uma situação curiosa. "Gaúchos" de terno e bombacha, em regiões tipicamente de colonização alemã e italiana. Nada contra o gauchismo, mas tenho a impressão que não passa de uma ficção. Pelo menos na serra gaucha e no vale do sinos. Regiões que deveriam valorizar muito mais a sua história ao invés de importar a história da região campeira. São regiões que foram colonizadas por pessoas que passaram extrema dificuldade, tiveram arduo trabalho, sem escravos, e por isso que hoje são o que são. É uma incongruência se vestir de fazendeiro no 20 de setembro, pois aquela história não tem nada a ver com essa. É uma história feita de ricos fazendeiros que ganharam terras e mais terras sem precisar fazer nada, apenas comandando os seus escravos. Não poderia ser diferente. Já dizia Joaquim Nabucco, aonde há escravidão, não há valor no trabalho, trabalho é coisa de escravo. Talvez isso explique um pouco das diferenças desse Rio Grande que tanto aprecio. Só acho que é um absurdo inventar uma unidade para regiões com contextos históricos tão distintos. Não uso bombacha e nem vou usar. Mas se me chamar pra comer uma polenta com passarinho, ou uma massa, pode ter certeza que vou. Prefiro a minha história do que a dos outros.